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Alquimia: sexto e sétimo procedimentos - Separatio e Coniunctio

O Todo emana indivíduos com a centelha divina, que é uma parte sua. Através de suas experiências particulares, cada centelha colabora para que o Todo cresça e se expanda. A orientação natural de tudo o que foi emanado é a expansão da consciência: quanto mais consciência tem, mais o ser evolui, através da cadeia mineral -> vegetal -> animal -> pessoa -> ser de luz.A cada nova experiência do ser, o Todo cresce, pois ambos estão interligados. Ao mesmo tempo, essas experiências impactam em todas as outras criações do Universo, uma vez que todos estão interligados através do vácuo quântico, impactando no que se chama "inconsciente coletivo".





Para evoluir, o ser precisa se separar do Todo para viver sua essência, exercer seu livre-arbítrio, tendo o ego como auxílio - procedimento alquímico "separatio".  Porém, essa separação é compreendida como se o indivíduo estivesse separado de tudo. Esse fenômeno ficou conhecido como "Ilusão de Maya", há mais de cinco mil anos, pelo povo indiano. Na ilusão, o indivíduo considera que está separado de todos os outros, no processo de individualização.

Além disso, a partir da emanação da primeira centelha, surgiram os opostos: bem/mal, claro/escuro, quente/frio, e os opostos, quando vistos como antagônicos e não, complementares, começaram a gerar disputas. O ser tem uma sensação de incompletude constante devido à essa separação do Todo sofrida quando tornou-se uma centelha. Essa incompletude gera o vazio existencial, que produz a sensação de carência e ansiedade, levando o ser humano ao consumo, à necessidade de poder e a relacionamentos a qualquer preço, no intuito de sanar este vazio. Já os animais amansam essa falta através da procriação.

Porém, a centelha que evolui, substitui o processo de individualização pelo processo de individuação, que se constitui em voltar a se fundir com o Todo, com a perspectiva de que todos somos Um - procedimento alquímico chamado "coniunctio" (conjunção). Neste procedimento acontece interiormente a união dos opostos, o equilíbrio das energias yin/yang dentro do indivíduo. A visão passa a ser holística, no qual o ser se sente parte do todo e tem consciência de que suas atitudes geram impactos no inconsciente coletivo.

A dificuldade acontece porque o ser, ao invés de buscar a individuação - reunificação com o Todo - tendo o ego como auxílio, o ego domina e faz com que a pessoa se revolte contra o Todo, por não saber como retornar à unificação. Quanto mais revolta, mais estagnação, mais o ego resiste e domina, menor a expansão da consciência, mais distante o ser fica da reunificação, gerando Calcinatio - problemas, problemas e mais problemas.

Na verdade, a resposta para este dilema está dentro de cada um, uma vez que cada um carrega a centelha divina e portanto, sabedoria divina dentro de si. É importante lembrar que os procedimentos alquímicos coexistem: calcinatio, o aprendizado através da dor; solutio, o aprendizado através do amor, e não da dor; coagulatio, estar aterrado no aqui e agora, se responsabilizar pela própria existência e resolver as dificuldades de frente; sublimatio, olhar as situações por perspectivas mais amplas; mortificatio, ajudar sempre que possível e fazer sempre seu melhor para limpar o débito passado e finalmente, separatio e coniunctio: a aceitação da separação da centelha para reencontrar o caminho para a unificação - procedimento que só acontece quando todos os outros processos foram dominados.


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