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O karma e o dharma: propósito de alma e livre-arbítrio


Karma e Dharma podem ser compreendidos sob duas perspectivas.

O Karma é o conjunto de condicionamentos e vivências a serem transcendidos em nossa existência, constituindo a evolução espiritual. Somos ligados ao Karma por uma espécie de elástico invisível.

Quando nossa consciência retorna ao estado material, pré-determina, através do livre-arbítrio, o que deseja transcender aqui na Terra, uma vez que o nosso histórico pessoal pode trazer marcas de passados bem negativos como mortes, injustiças, vinganças, sofrimento, torturas. Seria insuportável querer transcender tudo em uma só existência.

O bebê, então, nasce com a configuração - e no contexto social e familiar ideal - para seguir e desenvolver o que se propôs a fazer - viver seus arquétipos (justiça, bondade, beleza, holdness, poder). Porém aos poucos acaba sendo encapsulado por camadas de conceitos que lhe são ensinados e até, impostos. O ego passa a se defender e ao invés de agir como aliado, acaba distanciando o ser daquilo que deveria estar fazendo aqui, ou o leva a fazer com raiva, mágoa, sem alegria, sem prazer no viver. Com isso, ao invés de diminuir o Karma, acaba aumentando-o, diminuindo a distância entre si e o "elástico".

Por outro lado, quando se dispõe a fazer o que se propôs, acontece o inverso: o ser aumenta sua distância do Karma e diminui sua distância do Dharma, que é a transcendência positiva, ou o abraçar de nossa missão, nosso propósito de vida. Outras atitudes que nos aproximam do Dharma são ajudar incondicionalmente e desempenhar o que for sempre com alegria, benevolência, compaixão. Uma criança que nasce com uma doença, ou limitação, pode ser o reflexo de um Karma pesado, como pode ser uma consciência que veio disposta a elevar seu Dharma ajudando as pessoas do entorno a evoluírem.

Atitudes, pensamentos e sentimentos que nos aproximam ou distanciam do Karma e do Dharma são atributos do livre-arbítrio. Ninguém é responsável por nossas escolhas e percepções da realidade, a não ser nós mesmos, bem como as consequências que carregaremos conosco, o que inclui os erros de existências passadas - a centelha com o qual nascemos é perfeita, a carga negativa advém dos erros que se comete. Não se pode ver Karma como castigo, e sim como causa/consequências gerados pelo livre-arbítrio.

Para compreender qual é o nosso Dharma, ou o propósito de alma, é preciso observar alguns aspectos: o Dharma geralmente está ligado a realizar algo que nos faz muito feliz, genuinamente, algo que fazemos sem grande esforço. Portanto, viver algo (trabalho, situação, relacionamento) que nos faz infeliz ou que demanda muito esforço, por exemplo, não faz parte do nosso Dharma, ao contrário, aumenta nosso Karma; para encontrar o Dharma é preciso silenciar o barulho do ego e pesquisar interiormente o que nos faz feliz, direcionando a vida para isso. Como este direcionamento pode levar algum tempo, enquanto desempenhamos este trabalho interior, é preciso viver em nossos contextos, mesmo insatisfatórios, com a maior alegria possível, exercendo o ajudar genuíno que por sua vez, libera endorfinas, traz a sensação de bem-estar e nos impede de viver sob sentimentos negativos, o que aumentaria o Karma.

O melhor termômetro para se saber se está vivendo o Dharma é perceber se há alegria e satisfação no que fazemos e em nosso modo de vida, independente dos fatores externos - social, cultural, financeiro. Trata-se de uma satisfação interior.

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